2 de agosto de 2008

HIPOCONDRIA A SERVIÇO DA GUERRA CULTURAL CONTRA O CAPITALISMO

Antes era o colesterol. Bem, aconselharam a substituição da menteiga pela margarina e, no máximo, um ovo por semana. Depois, veio a odiosa gordura saturada. Nada de frituras, redução do consumo de carne bovina, creme vegetal, brócolis, chuchu... Agora, é a tal da trans. Troca-se a gordura vegetal hidrogenada pela gordura vegetal interestificada. Já se cogita, porém, que esta última também faz mal a saúde, pois pode aumentar o nível de colesterol e a concentração de açucar no sangue.Não nego que essa neurose por um comida 100% benéfica à saúde tenha lá, digamos, seus fundamentos científicos. Mas esse barulho todo em torno da alimentação produzida industrialmente tem um único e evidente propósito: colocar a hipocondria a serviço da guerra cultural contra o capitalismo, hehehehehe.Comida e bebida politicamente corretas.Sexo politicamente correto.Trabalho politicamente correto.Medicina politicamente correta.Direito politicamente correto.Economia politicamente correta.Arte e tecnologia politicamente corretas.Ciências naturais politicamente corretas. Lógica politicamente correta.Educação politicamente correta.Crime politicamente correto.So falta o quê se enquadrar de vez na ditadura do ideal coletivista sobre a vida do indivíduo?Uma metafísica e uma religiosidade politicamente corretas?Com essa política politicamente correta, querem mesmo é infundir nas pessoas um medo doentio da liberdade, o que significa suprimi-la por completo, e lhes dar uma sensação falsa de segurança, e isto, em tempos de terrorismo ideológico, é assimilado já como felicidade.
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Governo quer restringir propaganda de alimentos com alto teor de gorduras
Por Luisa Belchior, na Folha.
O Ministério da Saúde fará consulta pública para decidir sobre a restrição a publicidade de alimentos com quantidades de açúcar, gorduras saturada e trans e sódio consideradas elevadas pelo ministério. O ministro José Gomes Temporão (Saúde) disse nesta terça-feira que as consultas estão sendo preparadas.Na semana passada, o ministério apresentou pesquisa mostrando que a maioria das propagandas de alimentos na programação da televisão brasileira é de alimentos com quantidades de açúcar, gorduras saturadas e trans e sódio consideradas elevadas pelo ministério.A idéia é fortalecer um programa da pasta de prevenção a doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronarianas, cujo tratamento representa 60% dos recursos do SUS (Sistema Único de Saúde), segundo o ministério. Alimentos com alto teor de gorduras, açúcar e sal (presente no sódio) são fator de risco para essas doenças, segundo o ministério.A intenção da consulta, segundo Temporão, é ter uma resposta da população sobre as restrições a esse tipo de propaganda antes de regulamentá-lo. "Vai ser feita a consulta pública. Vamos ouvir todo mundo para depois poder tomar as decisões", declarou o ministro ontem, no Rio.Estudo da UnB (Universidade de Brasília) divulgado semana passada pelo ministério, que analisou 128.525 peças publicitárias veiculadas em 3.108 horas de programação televisiva, constatou que 18% de todas as propagandas de alimentos eram dos chamados fast-food, seguidos de guloseimas e sorvetes (17,%), refrigerantes e sucos artificiais (14%), salgadinhos de pacote (13,%) e biscoitos doces e bolos (10%).

Gramsci e as palavras-senha

Excelente artigo do Heitor de Paola, publicado no Mídia sem máscara, acerca do vocabulário gramsciano de que, conscientemente ou não, se servem intilikituais e estudantes. Trata-se do principal instrumento da revolução cultural gramsciana, sem a qual não teríamos hoje o discurso semanticamente escorregadio do politicamente correto.
****** por Heitor De Paola em 02 de agosto de 2008

Resumo: Muitas pessoas bem intencionadas sentem-se confusas a respeito dos termos que devem ser usados para definir alguns conceitos.

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"Uma das maiores alegrias de um comunista é ver na boca dos burgueses, nossos adversários, as nossas palavras de ordem”. GIOCONDO DIASEx-Secretário Geral do PCB

Volto a citar esta frase lapidar do továrishch Giocondo para abordar um assunto que confunde a mente de muitas pessoas bem intencionadas a respeito dos termos que devem ser usados para definir alguns conceitos. Não uso o adjetivo apenas no sentido frouxo de frase artisticamente perfeita, mas sim no mais restrito de inscrição em lápide, pois ela pode ser um dos epitáfios da ordem e da linguagem “burguesas”. Como exemplo inicial a palavra ética: o seu significado original hoje está tão deturpado que é sempre melhor evitá-la. Como ocorreu esta deturpação? Para isto é necessário algum conhecimento sobre a estrutura e hierarquia de um partido revolucionário e um pouco de história. ESTRUTURA E HIERARQUIA Todos os partidos, revolucionários ou não, são organizados em pirâmide, por isto os termos usuais bases e cúpula partidária. A diferença é que nos partidos democráticos esta pirâmide está mais ligada aos níveis decisórios, enquanto nos revolucionários há, da base para o alto, uma graduação do nível de segredos estratégicos, a ponto de, acima de um certo nível, transformar-se numa verdadeira organização esotérica que emite palavras de ordem e resoluções cuja estratégia de longo prazo não é discernível, sequer suspeitada, pelos níveis inferiores. Claro está, todos os partidos têm seus segredos, suas malícias, suas visões de longo prazo tanto quanto as eleitorais, de curto prazo. Seu intento é mudar alguma coisa restrita do mundo através de métodos políticos consensuais, como maior controle estatal ou mais liberalismo e as nuances entre os dois, decisão sobre os setores mais importantes para investimentos, visões diplomáticas diversas, etc. Além disto, aceitam o jogo democrático e a alternância no poder, isto é, aceitam a política como ela é: a arte do possível baseada em negociações. [...] É fundamental que os liberais e conservadores tomem conhecimento do verdadeiro significado revolucionário que estes termos adquiriram e abstenham-se de usá-los para não se deixarem confundir. Um pequeno glossário é fundamental. Como não há espaço aqui cito apenas algumas mais usuais. (Não usarei a ordem alfabética para facilitar a compreensão). Ética – é ética toda e qualquer ação que promova o aprofundamento da revolução. É a expressão do princípio de que “os fins justificam os meios”, em oposição total ao conceito “burguês” tradicional. Liberdade – é a expressão da conformidade do cidadão com a coletividade. Não tem nada a ver com liberdade individual. Democracia – não corresponde ao governo da maioria, mas ao da unanimidade baseada no consenso e hegemonia do partido-classe. Consenso – conformação coletiva do grupo social com as ações do Estado ampliado, necessário para alcançar os fins éticos. Hegemonia - capacidade de influência e de direção política e cultural que um grupo social exerce sobre a sociedade civil organizada e esta sobre a sociedade política. Predominância efetiva do partido-classe sobre ambas para impulsionar e fazer avançar o processo revolucionário. Sociedade Civil Organizada – espaço onde atuam os aparelhos privados de hegemonia. Aparelhos Privados de Hegemonia – as ONG’s, principalmente. Estado Ampliado – os órgãos governamentais e as ONG’s. Também pode ser chamado de Estado Democrático de Direito por estar em constante mutação (ver meu artigo anterior). Cidadania – “espaço” coletivo onde atua a sociedade civil organizada; o exercício da cidadania nada tem a ver com a atuação dos indivíduos livres, mas com este “espaço” criado pela ampliação do Estado e que obedece rigorosamente ao consenso prévio. É a submissão do cidadão ao consenso coletivo.