21 de novembro de 2007

Nietzsche

Julian Marías
(O presente texto é a tradução para o Português, de uma transcrição de uma conferência proferida por Julián Marías, que, como é de seu estilo, não utiliza texto escrito. Conferência do curso "Os estilos da Filosofia", Madri, 1999/2000 - edição: Jean Lauand. Tradução: Elie Chadarevian )
Interessante, com uma certa anormalidade - tínhamos visto uma certa anormalidade, digamos, genial, nos últimos anos de Comte; também houve uma certa anomalia, não muito grande, en Kierkgaard-; a anomalia em Nietzsche foi muito mais grave. Friedrich Nietzsche nasceu em 1844. Teve uma rápida carreira de filólogo, foi professor de filologia clássica em Basiléia. Depois deixou a cátedra e dedicou-se a escrever; ele tem uma obra filosófica e literária muito importante. Em 1889 perde a razão e vive em estado de loucura -de grave loucura- onze anos: morreu em 1900. Como vêem, é uma vida anormal em muitos sentidos, é uma figura particularmente atraente, que teve um êxito muito grande, um êxito especialmente literário: era um grande escritor. Ele tinha um sentido profundamente arraigado da arte e da literatura. Foi uma figura que exerceu fascinação sobre muitos, em diversos países, muito particularmente na Alemanha, não somente porque era sua língua, mas porque era um grande escritor em língua alemã.
Houve muitas traduções de Nietzsche, nem sempre boas, nem sempre seguras; freqüentemente se tem enfatizado o aspecto mais extremado que tinha a obra de Nietzsche e teve por exemplo uma manifesta tendência à desmesura. Os senhores conhecem a famosa doutrina dos dois conceitos de Nietzsche, das duas tendências: o apolíneo e o dionisíaco. Ele falou longamente disto -evidentemente procede de sua cultura clássica, de seu estudo da língua grega e da literatura grega- e sua obra, em conjunto, oscila entre o que ele chamava apolíneo -ou seja, a medida, o equilíbrio, a serenidade- e o dionisíaco: exaltado, violento, apaixonado.
Leia na íntegra:
ou