23 de outubro de 2007

Long live rock´n´roll

A história do rock desde a década de 60 é uma parte significativa da história da ocupação gramsciana da cultura pop, cujo enredo foi genialmente resumido por Frank Zappa: "Na década de 60, queríamos mudar o mundo; nos anos 70, descobrimos que isso era impossível;desde então, resolvemos ganhar dinheiro". Ou seja, o experimentalismo e a abertura da música rock para outros gêneros, inclusive a música erudita, resultaram no que hoje é, com justa razão, reverenciado como "classic rock" (hard rock, psicodelia, progressive rock, krautrock, folk rock, art rock, fusion etc.), dividindo os nossos heróis da guitarra em, de um lado, músicos altamente competentes e devotados à criação e, de outro, em uns velhinhos mal resolvidos que ainda pensam ralizar o sonho de uma sociedade pacífica regada a "sexo, drogas e rock´n´roll" . Estamos realmente no momento propício à apreciação estética dessa vertente da música contemporânea, porque, naquele período, tudo estava obnubilado pelas drogas, pelo sexo livre e inconsequente, pela libertinagem, pelo ataque covarde à família, ao conforto da vida burguesa e á religião cristã, consequentemente, pelo rompimento radical com valores mais caros à civilização ocidental, enfim, por tudo aquilo que fazia corar a face dos pais e aumentar a adrenalina dos filhos. Tanto é verdade, que a maioria dos grupos famosos daquela época, como Led Zepelin, Black Sabbath, Jethro Tull, Deep Purple, Pink Floyd, Rush, Gentle Giant e uma infinidade de outros, foram completamente diluídos pelo show business (com algumas raríssimas e honrosas excessões), transformando-se numa pasta insossa, indiscernível no amálgama indigesto da música pop, sendo que o rock atual não diz mais nada em termos estritamente artísticos, se, porventura, não retornar ás "raízes". Disso tudo, sobrou o rock como "atitute juvenil", "expressão da rebeldia", "desconforto adolescente" etc, o que também o bom e velho "espírito do capitalismo" tratou logo de por em seu devido lugar, do qual as drogas, infelizmente, emergiram como a menina dos olhos de ouro do crime organizado. Está provado: rock, sobretudo o bom rock, é coisa de gente velha, que ouve esse tipo de música com as mesmas expectativas e critérios que ouve um Bach, um Pachelbel, um Dvojak etc, mas que, ao mesmo tempo, se purga da insasatez da juventude, guardando no coração apenas a ingênua, porém, de certa forma, edificante, imagem de um futuro promissor. O entusiasmo hiponga como agente da contra-cultura está morto e enterrado. Viva a indústria fonográfica, vivam os avançaos tecnológicos, viva a reprodutibilidade técnica da beleza, pois o que é bom só se eterniza no passado, como parte de uma tradição, recente que seja, da qual o tempo expurga os dejetos. It´s only rock´n´roll ( but i like it).

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