18 de outubro de 2007

A CAPES NÃO RECOMENDA O MESTRADO EM FILOSOFIA DA UFPE: Nota 2 para a proposta de visão filosófica engajada (para além da hipocrisia)

Reproduzi neste blog o artigo do Reinaldo Azevedo sobre os absurdos contidos na prova do último "extra-vestibular" para o curso de filosofia da UFPE, sob o irônico título "A revolussão curtural do menistro Intelék Thualy Hadad a nível de velstibulá"(http://aristokraut.blogspot.com/2007/09/revolusso-curtural-do-menistro-ret.html).
Neste artigo, que revelou o grau de indigência da educação brasileira e deve ter causado algum estrago no bunker dos defensores de um "ensino universitário público, gratuito e de qualidade, o articulista da Veja apresenta e comenta 3 estapafúrdias questões dessa prova, que não se presta nem à seleção de antas acéfalas para o cargo de palhaço assistente do Circo de Moscou. Além de crassos erros sintáticos e de grafia bem como de atribuição incorreta de obra a autor, em uma delas há uma nítida tentativa de sondagem e cooptação ideológicas, o que reflete perfeitamente o quanto as nossas universidades (infelizmente, não só a UFPE) se transformaram em centros avançados de doutrinação política. Professores, parece, não querem mais uma vida puramente teórica devotada à busca da verdade ( pois tal é um "ignóbil luxo burguês") nem se limitam mais à formação intelectual e moral do aluno (fim que, para eles, só é perseguido por quem adota uma postura ingênua e acrítica perante a realidade social, ou seja, pelos espíritos reacionários e conservadores). O negócio, agora, é ser pago (e bem) com o dinheiro do contribuinte para treinar a molecada na militância pela “excelsa causa” da transformação da sociedade, isto é, para instigá-la à rebeldia contra o "opressivo e injusto sistema capitalista", enfim, para a revolução socialista. Como se pode ver, é dura a vida da "zelite" brasileira, vulgo classe média, que paga uma baita carga tributária e, no frigir dos ovos, financia a vagabundagem estudantil ( junto com seus gurus, é claro), que sonha em lhe subtrair o que, legitima e penosamente, conquistou, ou seja, o que, no linguajar esquerdista, se constitui em "privilégios".

Como os nossos intelectuais orgânicos (orgânico não só no sentido gramsciano, mas mesmo no sentido agronômico de estrume, isto é, de excremento que pode ser utilizado como fertilizante, neste caso, na lavoura de ideologias amanhadas sobre o nem um pouco árido solo cinzento do cérebro juvenil) atuam em todos os níveis de ensino, do maternal ao pós-doutorado, era de se esperar que a esquerdopatia dos "livre-pensadores" da UFPE repercutisse de alguma maneira no programa de mestrado em filosofia desta instituição, o qual, para minha "surpresa", sucumbiu sob o peso da avaliação da Capes, que, convenhamos, deve ser tudo menos rigorosa. Vejamos, resumidamente, o que aconteceu. O programa de mestrado em filosofia da UFPE possui três linhas de pesquisa (Metafísica e subjetividade; Ética e filosofia política; Filosofia da ciência e da linguagem ) e conta com 13 docentes (9 do corpo permanente e 4 colaboradores), tendo iniciado suas atividades em 1979. Na última avaliação trienal da Capes (2004-2006), obteve nota 2, ficando, pois, entre os programas que não "atendem ao requisito básico estabelecido pela legislação vigente para serem reconhecidos pelo Ministério da Educação por meio do Conselho Nacional de Educação (CNE) e, em decorrência, expedirem diplomas de mestrado e/ou doutorado com validade nacional".
De acordo com a ficha de avaliação do programa, disponível no sítio da Capes ( http://servicos.capes.gov.br/avaliacaocontinuada/ ): 1)Proposta do programa -"Alguns projetos de pesquisa estão formulados de maneira inadequada, seja pela excessiva generalidade, seja pela falha na delimitação da problemática" 2)Corpo docente - Todos possuem doutorado e dividem sua atividade docente entre a graduação e a pós-graduação. No entanto, "5 dos professores do corpo permanente não desenvolvem atividade de orientação no programa, o que indica que alguns alunos não estejam recebendo orientação". Além do mais,"devido ao reduzido número de alunos a relação de alunos por docente permanente está abaixo da média da área".
3)Corpo discente, teses e dissertações - As nove dissertações concluídas no período 2004-2005 "oscilam entre o nível médio e bom, sendo que uma delas é de caráter eminentemente descritivo, carecendo de maior reflexão teórica"
4)Produção intelectual - Considerada muito baixa. Foram publicados 2 artigos em periódicos Nacional A, 1 em Nacional B e 6 em Nacional C. Dos livros publicados, o relatório da Capes afirma que alguns "são de qualidade teórica muito discutível, contendo inclusive graves transgressões do vernáculo".
5) Parecer final - Propõe a visita dos consultores ao programa, que, ao que tudo indica, confirmaram todas as deficiências apontadas, entre as quais o fato de que "as inciativas implementadas até o momento não foram suficientes para dar a consolidação que se espera de um programa com mais de 20 anos de existência e que passou por uma profunda reformulação há mais de 10 anos".
Não quero dizer com isso que o episódio do extra-vestibular tenha determinado o fracasso do mestrado na avaliação da Capes. Contudo, é inegável que os professores de filosofia da UFPE estão colhendo os frutos daquilo que plantaram. Como se pode observar no ítem 2 acima, boa parte deles deixa seus orientados do mestrado à própria sorte para se dedicar com afinco à tarefa de, conforme suas preferências políticas, moldar a cabeça dos pupilos da graduação. Afinal, orientação e pesquisa têm que começar cedo! E orientação eficaz na prática é orientação ........... ideológica, cujo princípio elementar pode ser decantado da tese marxiana segundo a qual os filósofos até então se preocuparam apenas em interpretar a realidade quando o que deveriam fazer é transformá-la. Não é à toa, portanto, a baixa produtividade intelectual do quadro docente do programa, que, se levarmos a sério as informações do ítem 4, inclui alguns semi-analfabetos*. Ou bem se procura conhecer a verdade ou se empenha em alterá-la de modo a ocultar a miséria do nosso conhecimento. Ou se ama a sabedoria ou se entrega à mentira.Tertius non datur. Mas esta tem pernas curtíssimas, pois o mentiroso, sendo incapaz de se deleitar com o espetáculo da verdade, nutre tanta aversão à vida contemplativa, que acaba, cedo ou tarde, por se auto-enganar, revelando, inadvertidamente, as suas vis intenções ou, ao menos, sendo vítima dos efeitos colaterais do seu próprio embuste. Não deu outra. O feitiço voltou-se contra o feiticeiro.

Que o referido extra-vestibular foi uma fraude meticulosamente deliberada e não apenas um eventual equívoco cometido pelo beócio que elaborou a prova, não tenho dúvida alguma. Leiam o infeliz artigo “Sobre pulga e elefantes” publicado no Jornal do Comércio, do Recife, pelo prof. Inácio Strieder, coordenador do curso de Filosofia, respondendo à denúncia do Reinaldo Azevedo (http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/04/spinoza-dana-frevo-ou-toca-viola.html ), levem ainda em consideração o fato de que a UFPE só se deu o trabalho de corrigir a merda feita pela pressão externa que sofreu, mas não simplesmente por tomaram conhecimento do problema (anulou as três questões depois que, no Talk Show de 19 de Março, o Olavo de Carvalho, que teve seu nome mencionado em uma delas, atacou a UFPE e seu reitor por conta disso; e só anulou a prova toda porque o artigo do Reinaldo Azevedo provocou o maior estardalhaço na imprensa, inclusive na pernambucana), e tirem suas próprias conclusões. Que o desempenho pífio do Mestrado em Filosofia da UFPE segundo a avaliação da Capes é um dos múltiplos sintomas da esquerdopatia que, como uma, digamos, peste Vermelha da modernidade, está minando o prestígio e dignidade da figura do professor universitário e reduzindo o ensino superior, sobretudo nas ciências humanas, a uma panacéia de emblemas politicamente corretos, também não tenho dúvida. Quem, como eu, está familiarizado com o ambiente acadêmico no Brasil sabe perfeitamente que isso é a pura e incontestável verdade. Se negar, é porque ou contraiu o vírus do esquerdismo, e está comprometido até a medula com a propagação da epidemia, ou então desenvolveu completamente a doença, e está lutando para angariar fundos ( através de ongs, movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos etc.) em benefício das vítimas, isto é, distribuir “eqüitativamente” o coquetel de drogas necessárias ao “tratamento terapêutico” bem como encabeçar campanhas sociais para livrá-las do “preconceito sanitarista e pró-manicomial” da aristocracia escolástica a serviço do capital “especulativo”
A duas únicas questões que ainda me afligem são: como essa aids mental surgiu e que medidas dietéticas têm eficácia na sua prevenção? Responder a segunda é uma necessidade absolutamente profilática que cada um pode determinar segundo o nível de contaminação ideológica a que está exposto. Como meu sistema imunológico é geneticamente bem constituído – a alta resistência que eu tenho a essas infecções retóricas me permite inclusive driblar o sex-appeal de algumas petralhazinhas deliciosas e manter-me fiel a minha esposa -, apenas sugiro que vocês, por conta própria, descubram a dieta que lhes convêm (acho que a leitura de “Sobre a filosofia universitária” de Schopenhauer é um bom começo) Quanto a primeira, estou meditando profundamente a respeito e me reservo o direito de não “formar opiniões” antes de resolver todas as dificuldades inerentes ao assunto. Quem não quiser, ou não tiver condições de, enfrentar a questão e for apressadinho, que procure a Doutora Marilena Chauí ou seus acólitos. Mas, para não deixá-los a mercê das forças demoníacas que habitam os nossos campi universitários, seguem algumas passagens do livro do Allan Bloom “O declínio da cultura ocidental”, leitura obrigatória para quem não está num estágio muito avançado da doença:
“A universidade americana, na década de 60, estava passando pelo mesmo desmantelamento da estrutura do ensino racional que a universidade alemã experimentara na década de 30. Não acreditando mais na sua vocação superior, ambas transigiram com uma turba de alunos altamente ideologizados. Aliás, o conteúdo da ideologia era o mesmo: engajamento em valores políticos. A universidade abandonou todo propósito de estudar ou de informar sobre valores – solapando a percepção do valor daquilo que ensinava, enquanto entregava a decisão acerca dos valores ao povo, ao Zeitgeist (espírito da época), ao pertinente. [...] Claro, todo aquele que é um contemplativo profissional, sujeito a um emprego bem pago e de prestígio, mas que igualmente acreditava não haver nada a contemplar, se vê numa posição difícil consigo mesmo e em relação à comunidade. O imperativo de promover a igualdade, de eliminar o racismo, o sexismo e o elitismo (crimes peculiares de nossa sociedade democrática), assim como a guerra, é esmagador para alguém incapaz de definir outro interesse digno de defesa. A circunstância de a Alemanha atravessar um surto de direitismo político [ há controvérsias aqui; leiam, pelo menos, “O caminho da servidão, de hayek] e os Estados Unidos outro de esquerdismo não deve iludir-nos. Tanto num caso como no outro, as universidades cederam sob a pressão de movimentos de massa, fazendo-o em grande parte por considerarem que esses movimentos possuíam uma verdade moral superior a que universidade alguma seria capaz de suprir. Entendeu-se que o engajamento tinha maior profundidade do que a ciência, a paixão do que a razão, a História do que a natureza, o jovem doq eu o velho [...]. Alguns estudantes descobriram que, com um empurrãozinho, os pomposos mestres que os catequizavam em matéria de liberdade acadêmica podiam virar ursos de circo. As crianças tendem a ser melhores observadores dos adultos do que estes costumam ser das crianças, pois dependem tanto deles que é grande o seu interesse em descobrir as fraquezas dos mais velhos. Esses estudantes perceberam que os professores não acreditavam realmente que a liberdade de pensamento fosse necessariamente boa e útil, que suspeitavam que tudo isso era ideologia para acobertar as injustiças do ´sistema´ e que podiam ser reduzidos à benevolência perante tentativas violentas de substituição da ideologia”.
________________________________ · Segundo um aluno do curso de Filosofia da UFPE, que, anonimamente, faz um comentário ao artigo do Reinaldo Azevedo ( http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/04/spinoza-dana-frevo-ou-toca-viola.html ), o responsável pela elaboração da famigerada prova não foi, como muitos acreditavam, o Inácio Strieder, mas um outro professor, um tal de Marcelo Luiz Pelizolli. Embora não se identifique, para não sofrer represálias, e dê a entender que quer salvar a pele do Strieder, o aluno parece estar falando a verdade. Comparem uma das questões, aliás, a mais hermética e que mais agride o vernáculo, com a “área” de interesse do Pelizolli: http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/04/spinoza-dana-frevo-ou-toca-viola.html Emergência do Paradigma Ecológico, A MARCELO LUIZ PELIZZOLI

Os artigos compilados valorizam a reflexão sobre os fundamentos filosóficos da questão ambiental hoje, apontando sempre para orientações éticas. A perspectiva e fio condutor da argumentação se caracteriza pela necessidade imperiosa de se implementar uma postura holístico-integradora que priorize a vida, a promoção da alteridade, a ruptura da totalização hegemônica atual em nome da solidariedade. Editora: Vozes ISBN: 8532622151 Ano: 1999 Edição: 1 Número de páginas: 160 Acabamento: Brochura Formato: Médio Complemento: Nenhuma Coleção: EDUCACAO AMBIENTAL. Complemento da Edição: Nenhum

24. Peter Singer, diante do Cristianismo, da Ecologia profunda e da Ética ambiental:

A) esqueceu completamente a natureza, e atualmente continua a mesma situação [sic, o que ou quem está na mesma situação?]]. Ela [sic, ela quem?] não é profunda nem sincera, pois apela para o totalitarismo. A ética ambiental é urgente.

B) estimulou o afastamento do homem com[sic] a natureza mas pode ajudar na atualidade. Ela [sic, ela quem?] é profunda e romântica, mas pode cair na visão genérica do Todo antes do singular. A ética ambiental é urgente.

C) evitou a violência e pode ajudar na ecologia. Ela [sic, ela quem] é romântica mas não é profunda, tem problemas políticos. A ética ambiental deve ser utilitarista e imediata.

D) teve apenas uma teologia da salvação e não da criação. Ela [sic, de novo! ela quem catzo?] é traduzida como amor biocêntrico [sic] à natureza. A ética ambiental deve ser antropocêntrica.

E) estimulou o conflito do homem com a natureza mas pode empactar[sic] na atualidade. Ela [sic, tenha paciência! Como cada alternativa termina com “ética ambiental...”, acho que ele está se referindo a ecologia ambiental]é profunda e pictórica, mas pode resurgir[sic] na visão genérica do Todo antes do plural. A ética ambiental é passageira.

Hehehehehe... Já se pode saber quem é o Führer da transgressão vernacular no curso de Filosofia da UFPE;

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