22 de setembro de 2007

A ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA DA NOVA ESQUERDA

A estratégia esquerdista de cooptação ideológica segue ao pé da letra a distinção entre propaganda e agitação, enquanto instrumentos de difusão das idéias socialistas(a principal é a de que o capitalismo é um sistema intrinsecamente injusto) e de integração das massas "à luta política ativa".
O agitador fica responsável por inculcar no povo a idéia de que, qualquer que seja o problema de ordem material que sofra, ele é vítima da opressão capitalista, orientando, assim, sua indignação contra a ordem estabelecida.
Já o propagandista (o intelectual), que tem efeito multiplicador, atua no sentido de ampliar o quadro de agitadores, fornecendo a justificação teórica de que estes precisam, sobretudo cumpre a tarefa de, no âmbito acadêmico e na esfera da cultura erudita bem como nos centros formadores de opinião, reduzir toda atividade teórica e todo debate de idéias à atividade política e ao confronto de causas.
NOTEM: O propósito é criar o caos mental nas pessoas, fazendo com que elas abandonem valores (morais, políticos, estéticos, religiosos etc) que possam se constituir em obstáculo à ação revolucionária e adotem o relativismo cultural (a que todas as propostas esquerdistas se acomodam), assim como induzindo-lhes a interpretar todo fato social ou político que fira o seu sentimento moral, ou mesmo seus interesses mais imediatos, à luz do paradigma do materialismo histórico, isto é, das idéias de luta de classes e de que "o povo", por causa do sistema capitalista, é sempre vítima de interesss espúrios associados estrategicamente com a liberdade de empreendimento que caracteriza as modernas democracias constitucionais*.
Como essas ideias são destituídas de qualquer significação objetiva, e isto pode ser facilmente constatado por quem quer que se ponha a examiná-las sob a perspectiva lógica e histórica, as funções de propagandista e de agitador convergem para um único e mesmo ponto: solapar as bases intelectuais e psíquicas sem as quais o indivíduo não poderá levar a cabo tal exame nem, muito menos, resistir ao suave e atrativo mas ao mesmo tempo constrangedor discurso "politicamente correto", que é aquele com que tanto propagandistas quanto agitadores falam ao povo e que é contraposto ao que eles chamam de "neoliberalismo". Leiam o texto a seguir extraído de "Que fazer" de LENIN e vejam se não é exatamente isso que tá acontecendo no Brasil, em especial nas escolas secundárias e universidades, que são o palco privilegiado da atuação da militância. "um propagandista, ao tratar por exemplo do problema do desemprego, deve explicar a natureza capitalista das crises, mostrar o que as torna inevitáveis na sociedade moderna, mostrar a necessidade da transformação dessa sociedade em sociedade socialista etc. Em uma palavra, deve fornecer "muitas idéias", um número tão grande de idéias que, de momento, todas essas idéias tomadas em conjunto apenas poderão ser assimiladas por um número (relativamente) restrito de pessoas. Tratando da mesma questão, o agitador tomará o fato mais conhecido de seus ouvintes, e o mais palpitante, por exemplo uma família de desempregados morta de fome, a indigência crescente etc., e apoiando se sobre esse fato conhecido de todos, fará todo o esforço para dar à "massa" uma única idéia": a da contradição absurda entre o aumento da riqueza e o aumento da miséria; esforçar-se-á para suscitar o descontentamento, a indignação da massa contra essa injustiça gritante, deixando ao propagandista o cuidado de dar uma explicação completa dessa contradição. Por isso, o propagandista age principalmente por escrito, e o, agitador de viva voz"
___________________________________________
* Desse modo, dissemina-se a idéia de incompatibilidade entre democracia e capitalismo ou, o que dá no mesmo, a idéia de identidade de propósitos entre democracia e socialismo. Isso é feito, esvaziando-se o conceito de democracia, como forma de governo, do seu conteúdo jurídico e moral (cuja origem está na filosofia grega) bem como destruindo as bases culturais (que se assentam na tradição judaíco-cristã) do capitalismo, de tal modo que a participação ativa do povo na vida política, assegurada pela igualdade formal dos cidadãos perante a lei, ceda lugar à participação passiva, mas ideologicamente orientada, na distribuição equânime das riquezas (igualdade material) definida por quem detem o poder o poder político

0 comentários: